terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Bronzeado, queimadura e protetor solar

Bem, agora que sabemos tudo a respeito da pele, podemos começar a entender realmente os bronzeamentos e as queimaduras de sol. Quando você se bronzeia, o que de fato acontece é que os melanócitos estão produzindo o pigmento melanina em reação à luz ultravioleta presente na luz solar. A luz ultravioleta estimula a produção de melanina, pigmento que tem o efeito de absorver a radiação UV da luz solar, protegendo as células dos danos causados pelo UV. A produção de melanina leva um bom tempo - é por isso que a maioria das pessoas não consegue se bronzear em um dia. Você precisa se expor aos raios UV por um período curto de tempo para ativar os melanócitos, que produzem melanina ao longo de algumas horas. Repetindo esse processo por 5 a 7 dias, os pigmentos se acumulam em suas células em um nível que oferece proteção.
O parágrafo anterior se aplica aos caucasianos. Em diversas outras raças, a produção de melanina é contínua, de modo que a pele sempre está pigmentada em algum grau. Nessas raças, a incidência de câncer de pele é muito menor porque as células estão constantemente protegidas da radiação UV pela melanina.

Na verdade, os melanócitos produzem dois pigmentos diferentes: a eumelanina (marrom) e a feomelanina (amarela e vermelha). As pessoas ruivas produzem mais feomelanina e menos eumelanina, e é por isso que elas não se bronzeiam com facilidade. Nas pessoas albinas, a via química que produz a melanina é interrompida porque falta uma enzima chamada tirosinase. Portanto, os albinos não possuem melanina na pele, cabelo ou íris.

O hormônio estimulante dos melanócitos (MSH) é produzido pela glândula pituitária. O MSH flui através da corrente sangüínea e atinge os melanócitos, estimulando-os a produzir mais melanina (por exemplo, uma pessoa que recebe uma injeção de uma dose maciça de MSH se torna mais escura). A glândula pituitária é realmente muito interessante - ela está ligada ao nervo óptico, o que significa que ela pode sentir a luz. Se você alguma vez criou galinhas poedeiras, sabe que no inverno a produção de ovos diminui. Você soluciona esse problema instalando uma lâmpada no galinheiro. A iluminação extra estimula a glândula pituitária das galinhas, o que aumenta a produção de um hormônio essencial para que elas botem seus ovos. Nos humanos, a luz também afeta a glândula pituitária e um de seus resultados é a produção de MSH. Um efeito colateral curioso é que usar óculos de sol pode torná-lo mais suscetível às queimaduras solares! Veja esta página (em inglês) para ler algumas reflexões sobre o assunto.



Como funciona a luz solar

A luz solar chega à terra de três formas: luz infravermelha (calor), luz visível e ultravioleta. A luz ultravioleta é classificada em três categorias:
UVA (315 a 400 nm), também conhecida como luz negra, que causa o bronzeamento.
UVB (280 a 315 nm), que causa danos na forma de queimaduras solares.
UVC (100 a 280 nm), que é filtrada pela atmosfera e nunca nos atinge.
Noventa e nove por cento da radiação UV do sol ao nível do mar é UVA. É o UVB que causa a maioria dos problemas relacionados à exposição ao sol: coisas como o envelhecimento, rugas, câncer e etc., apesar da pesquisa também incluir cada vez mais o UVA. Uma das coisas interessantes sobre a radiação UV é que ela é refletida por diferentes superfícies. Essas reflexões podem amplificar os efeitos da exposição ao UV. Por exemplo, a neve reflete 90% da luz UV. É por isso que esquiar na neve em um dia ensolarado pode causar cegueira e severas queimaduras. A areia pode refletir até 20% do UVB que a atinge, o que significa que você pode obter exposição extra ao UV em uma praia.

Por outro lado, certas coisas absorvem quase toda a radiação UV de forma parcial ou completa. O vidro é uma dessas substâncias - muitos vidros são excelentes absorvedores de UV (e é por isso que você pode ter ouvido que é impossível se bronzear em uma estufa - mas tenha certeza que a cobertura da estufa é de vidro e não de plástico!) A maioria dos protetores solares usa produtos químicos que têm as mesmas propriedades de absorção de UV.


Queimadura de sol
Se você é caucasiano e não está bronzeado, as células de sua pele não estão protegidas da radiação ultravioleta. Portanto, você será um alvo fácil para a queimadura solar se ficar muito tempo exposto ao sol. Qualquer um que tenha tido uma queimadura de sol sabe que ela deixa sua pele vermelha e extremamente dolorida. Em casos severos, a pele forma até bolhas.

Quando você tem uma queimadura solar, na verdade, sua pele está danificada pela radiação UV e seu corpo está respondendo ao dano. Aqui está uma descrição médica específica sobre o que acontece. Acesse o site (em inglês) de onde foi extraída esta descrição.

Queimadura de sol é um termo popular empregado para o eritema (vermelhidão da pele) e a dor que normalmente se seguem à exposição imprudente ao sol. Na verdade, uma queimadura de sol é um eritema tardio induzido por ultravioleta B, causado por um aumento no fluxo de sangue para a pele afetada que começa cerca de 4 horas e culmina entre 8 a 24 horas depois da exposição [23, 30, 31]. A causa subjacente dessa reação vascular é o dano direto e indireto a alvos celulares específicos a partir das reações fotoquímicas e da geração de uma espécie de oxigênio reativo [32]. Os danos ao DNA e a ativação de diversas vias inflamatórias, particularmente as que envolvem as prostaglandinas [27, 33-38], são considerados disparadores dessa reação, que finalmente leva à vasodilatação e ao edema. Modificadores da resposta biológica liberados por queratinócitos e linfócitos também são elementos atuantes [39-55]. Portanto, o desenvolvimento do eritema significa um dano ocorrido por ultravioleta suficiente para ativar as vias inflamatórias. O eritema é provavelmente melhor entendido como uma falha total de proteção solar, e é um indicador de dano severo por UV.
Diversas linhas de evidências sugerem uma relação entre eritema e dano ao DNA. Há uma correlação aproximada entre a produção de dímero de pirimidina e a susceptibilidade ao eritema com a exposição ao sol [56]. Comprimentos de onda que são mais eficientes na produção de eritema também são os mais eficientes na produção de dímeros de pirimidina [56]. Do ponto de vista científico, uma queimadura de sol pode ser tida como um indicador de uma superexposição substancial ao ultravioleta que tem implicações clínicas para o risco de câncer de pele. Atualmente considera-se haver uma ligação entre um histórico de repetidas e severas queimaduras de sol e o aumento do risco de câncer de pele do tipo melanoma [1, 57-62] e não-melanoma [63-65].

Traduzindo, o que esta citação diz é que quando você ganha uma queimadura de sol, o que você realmente obtém é dano celular por radiação ultravioleta. O corpo responde ao dano com um fluxo sangüíneo aumentado para o leito capilar da derme a fim de trazer células para reparar o dano. O sangue extra nos capilares causa a vermelhidão - se você pressionar uma pele queimada de sol ela ficará branca e então retornará ao vermelho assim que os capilares forem preenchidos.
Protetores solares
Como funciona a vitamina D
Todos os seres humanos necessitam de Vitamina D para que seus corpos cresçam e funcionem apropriadamente. A Vitamina D ajuda o corpo a metabolizar o cálcio. Quando as crianças têm falta de vitamina D, seus corpos não podem usar o cálcio de maneira apropriada e elas desenvolvem raquitismo. O raquitismo é identificado pelos "ossos moles" e coisas como pernas arqueadas e joelhos varos (em "X").

Como o óleo de fígado de bacalhau fornece Vitamina D, ele foi amplamente receitado antes do advento do leite fortificado com Vitamina D. Outra maneira de obter Vitamina D é por meio da exposição da pele à luz ultravioleta. A luz ultravioleta converte o 7-dehidrocolesterol que flui na sua corrente sangüínea em Vitamina D. (Acesse aqui - em inglês - para mais detalhes)










Os protetores solares bloqueiam ou absorvem a luz ultravioleta. Você pode bloquear o UV com cremes opacos como o creme branco de óxido de zinco que você vê no nariz dos salva-vidas. Você pode também absorver a radiação UV quase do mesmo jeito que a melanina faz. O primeiro e mais comum dos produtos químicos de absorção é o PABA (ácido para-aminobenzóico). Ele absorve o UVB. Se você tiver uma pele sensível, tome cuidado quando usar protetor solar com PABA, já que ele pode causar irritação ou reação alérgica em alguns indivíduos. Outros produtos químicos dos protetores solares incluem:

cinamatos absorvedores de UVB;
benzofenonas absorvedores de UVA;
antranilatos absorvedores de UVA e UVB;
ecamsules absorvedores de UVA.
Todos os protetores solares apresentam no rótulo o Fator de Proteção Solar, ou FPS. O FPS atua como um fator multiplicador. Se você normalmente permanece bem sob o sol por 10 minutos e aplica um protetor solar com FPS 10, estará bem sob o sol por 100 minutos. Entretanto, para que o protetor solar funcione, deve aplicar uma boa quantidade e ele precisa permanecer na pele. A aplicação deve ser feita cerca de meia hora antes de sair ao sol (ou água), de modo que ele possa ficar aderido à sua pele - caso contrário, o protetor solar será removido muito facilmente. Mas é importante ressaltarmos que a classificação do FPS se aplica somente à radiação UVB.
Em julho de 2006, a FDA aprovou o Mexoryl SX (ecamsule) para venda nos Estados Unidos. O Mexoryl SX é vendido pela L'Oreal como Anthelios SX na Europa e Canadá há mais de 10 anos, e proporciona um bloqueio mais eficiente dos raios UVA do que outros protetores encontrados no mercado. Os dermatologistas dizem que é o melhor protetor solar do mundo.

Há algo a respeito de toda essa discussão que é fascinante. Em nosso corpo existe um órgão - a pele - e ela reage de todas essas maneiras interessantes à luz solar.

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